Você conhece os benefícios de ser bilíngue? Você com certeza já ouviu dizer que falar um segundo idioma é importante. Entre as vantagens mais comuns de se aprender uma segunda língua estão: o acesso a melhores oportunidades profissionais, maior facilidade para aprender um terceiro (ou quarto ou quinto!) idioma, fazer amigos de diferentes nacionalidades e se comunicar sem dificuldades no exterior.  Todos esses pontos foram uma grande motivação para que eu continuasse estudando e aperfeiçoando meu nível de inglês. Mas há pouco tempo, descobri ainda outros benefícios de ser bilíngue, que compartilho a seguir. Tenho certeza de que, como eu, você vai achá-los muito interessantes.  

os beneficios de ser bilingue

Atualizado em 10.10.18

Os benefícios de ser bilíngue

Há muitos estudos sobre o bilinguismo. E mesmo os que seguem diferentes metodologias sugerem que as pessoas bilíngues têm certas vantagens sobre aquelas que falam apenas seu idioma materno. Em geral, isso se deve ao fato de que o cérebro de uma pessoa bilíngue está ativo em dois idiomas, mesmo quando ela está usando apenas um deles. Esta atividade obriga o cérebro a resolver um “conflito interno”, produzindo  um exercício mental constante que leva ao fortalecimento de alguns aspectos cognitivos do cérebro. Entre os principais benefícios de ser bilíngue e de manter sua mente apta a pensar em um segundo idioma estão:

 

  1. O aperfeiçoamento de aspectos cognitivos do cérebro: um dos benefícios de ser bilíngue

Aqui, nos referimos a aspectos como as funções executivas, relacionadas a pros benefícios de ser bilíngueocessos que controlam sua conduta e sua atividade emocional. Ou seja, ajudam você a estabelecer objetivos, planejar estratégias para alcançá-los e organizar e gerenciar tarefas, entre outros. Os estudos de Costa (et al.;2001), um pesquisador da Universidade Pompeu de Fabra,  instituição de ensino superior pública catalã sediada em Barcelona, na Espanha, reforçam essa ideia. Suas pesquisas mostram que o fortalecimento de algumas funções executivas do cérebro se deve a uma diferença chave entre pessoas bilíngues e monolíngues. As primeiras possuem uma maior habilidade para monitorar o ambiente.

As pessoas que falam dois ou mais idiomas possuem a capacidade de mudar frequentemente de um para outro. Isso que exige que elas mantenham um registro mais apurado das alterações que ocorrem à sua volta. Da mesma forma que monitoramos as mudanças que acontecem à nossa volta enquanto dirigimos um carro. No estudo em questão, as pessoas bilíngues demonstraram ser mais eficientes para solucionar problemas.

 

  1. As pessoas bilíngues tendem a desenvolver maiores níveis de controle cognitivo

Ou seja: melhor controle de mecanismos relacionados a planejamento, concentração e inibição de respostas habituais. As experiências realizadas por Ágnes Melinda Kovács (Kovács et al., 2009) mostram indícios disso. Ágnes é especialista no desenvolvimento da mente humana pela Central European University.

Seus estudos compararam bebês de sete meses de idade, nascidos em lares bilíngues e monolíngues. E mostraram que os bebês nascidos em um lar bilíngue já haviam aprendidio a suprimir uma resposta aprendida previamente. E também a atualizar suas expectativas de acordo com as novas condições apresentadas pela tarefa que estavam realizando. Como, por exemplo, prever em que parte da tela apareceria um boneco, depois de escutar um determinado sinal. Diferente do comportamento dos bebês monolíngues, durante a mesma experiência.

Conclusão: na hora de planejar ou de mudar o curso de ação para atingir uma meta, o cérebro bilíngue estará especialmente preparado. Ele é mais rápido em eliminar informações irrelevantes e manter o foco no objetivo. Sem dúvida, um dos benefícios de ser bilíngue!

 

  1. Pensar em um segundo idioma também traz benefícios no longo prazo

beneficios de ser bilíngueVários estudos demonstram que, quando pessoas que dominam um segundo idioma são diagnosticadas com mal de Alzheimer, isso acontece em média quatro anos mais tarde do que ocorre com pessoas que falam apenas uma língua. Pessoas com mais idade que começam a aprender um segundo idioma mantêm sua mente ativa. Na medida em que avançam no aprendizado, provavelmente atrasam o surgimento de doenças como o Alzheimer.

Espero que esta lista com os benefícios do bilinguismo tenha motivado você a continuar avançando na aprendizagem de um segundo idioma ou a investir nesse processo. Não sei quanto a você, mas eu acho que vale a pena!

 

5 benefícios (inesperados!) de ser bilíngue

Além destes que citamos, há ainda alguns benefícios surpreendentes e menos óbvios em falar mais de um idioma. No vídeo abaixo o Luca, um dos fundadores do MosaLingua, cita cinco deles. Confira!

Acompanhe a transcrição do vídeo

Oi! Eu sou o Luca, do MosaLingua. Hoje, quero falar sobre um assunto fascinante. “Quais são os benefícios de ser bilíngue ou multilíngue? Se assistir ao vídeo até o fim você vai ver que, além das óbvias, há algumas vantagens bastante inesperadas!

Mas antes de entrarmos no assunto, por favor se inscreva em nosso canal para não perder nenhum dos nossos ótimos vídeos. E se você está assistindo a este vídeo no Facebook, Instagram ou outra plataforma de mídia social, não deixe de curtir e de nos seguir. Agora, então, vamos falar sobre os cinco benefícios de falar dois ou mais idiomas.

Benefício número um: quem é bilíngue envelhece mais devagar

Esse é bem importante! Todos temos medo de que, um dia, nosso cérebro já não funcione tão bem quanto funciona hoje. Sem falar na possibilidade de desenvolver Alzheimer ou outra doença desse tipo.   

Um estudo publicado pela Universidade de Edimburgo revelou que o cérebro de pessoas bilíngues envelhece mais devagar e, portanto, elas tendem a viver mais e melhor.

Benefício número dois: ser bilíngue torna você mais esperto

Sim, você ouviu corretamente. Você não precisa esperar até ter 60 anos para colher os benefícios de ter aprendido uma segunda língua. O mesmo estudo mostra que pessoas bilíngues têm resultados melhores em testes gerais de leitura e inteligência.

Outro estudo provou que falar dois idiomas fortalece uma parte do cérebro que desempenha um papel importante em processos como a resolução de problemas e a alternância de tarefas.

Benefício número três: ser bilíngue ajuda você a aprender mais rápido

Naturalmente, ser mais esperto(a) traz muitas implicações positivas, especialmente em termos de desenvolver novas habilidades. E eu não estou falando das habilidades mais óbvias, como aprender outras línguas. Um estudo publicado online em 2012, por uma revista de neurociência, revelou que ser bilíngue ajuda você a aprender de forma geral, porque ajuda você a processar melhor a informação e também porque tem um impacto positivo na sua atenção.

Outro estudo mostrou que, mesmo antes de aprender a falar, bebês bilíngues, sim… bebês… têm melhores resultados em testes de interpretação da fala e de imagens, e mostram melhor controle cognitivo do que bebês criados em ambientes monolíngues.

Benefício número quatro: ser bilíngue ajuda você a evitar distrações

Uma das vantagens de aumentar sua habilidade de aprender é evitar distrações. Hoje em dia, precisamos desenvolver habilidades específicas para lidar com o desafio da vida online. É mais difícil manter o foco em uma tarefa quando todos os tipos de distrações, como telefones celulares, música e propagandas competem o tempo todo pela sua atenção.

De acordo com um outro estudo publicado em 2011, crianças bilíngues desenvolvem a habilidade de gerenciar informações conflitantes bem mais cedo. Por quê? Simplesmente porque elas precisam ser rápidas em selecionar o idioma que está sendo usado quando ouvem palavras ou frases. Essa habilidade tem efeitos benéficos na plasticidade de seus cérebros, e as ajuda a gerenciar situações de conflito e evitar distrações quando muitos estímulos diferentes solicitam sua atenção.

Benefício número cinco:  ser bilíngue ajuda você a tomar decisões melhores

Parece que, quando lemos em nossa língua materna, processamos as informações de um jeito muito diferente do que o fazemos em uma segunda ou terceira língua. Especificamente, somos menos afetados por algo chamado parcialidade cognitiva. Este é um dos tópicos de “Rápido e devagar: duas formas de pensar“, um ótimo livro que li, escrito pelo vencedor do prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman: parcialidades cognitivas podem levar a erros em nossa lógica.

Por exemplo, quando pensamos que voar é mais arriscado, depois de ouvirmos falar sobre a queda de um avião, na TV. A probabilidade e as estatísticas de acidentes como este não mudaram, mas nossa percepção mudou. Um teste com 121 estudantes norte-americanos revelou que eles eram menos afetados pela parcialidade cognitiva quando processavam a informação em uma língua estrangeira. No seu caso, o japonês. Na realidade, os cientistas defendem que pensar em uma segunda língua é capaz de melhorar sistematicamente nosso processo de tomada de decisão, porque somos menos influenciados por emoções que podem resultar em parcialidade cognitiva.

Resumindo…

Aprender um segundo idioma não apenas melhora suas habilidades cognitivas na velhice, mas também melhora sua vida agora mesmo. Você vai aprender mais rápido, se concentrar mais nas tarefas que desempenha e tomar decisões melhores. Em outras palavras, você se torna uma melhor versão de si mesmo(a)!

Neste vídeo, escolhi não apresentar os benefícios mais óbvios. Como obter melhores oportunidades de trabalho ou aproveitar melhor suas viagens, porque falamos isso em um outro vídeo. 
Confira o link para assistir.

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Obrigado por assistir. Até a próxima!

 

Mais estímulo (em inglês!) para o seu cérebro bilíngue…

Para se aprofundar nessa questão, não deixe de conferir também esse vídeo do TED-Ed, braço do TED dedicado à educação.

O vídeo é em inglês. Mas para ativar as legendas em português, basta clicar no canto inferior direito, no ícone da engrenagem!

Referências:

Costa, A. et al., 2011. Bilingualism Tunes the Anterior Cingulate Cortex for Conflict Monitoring. Cerebral Cortex, 22(9), pp.2076-86.

Kovács, M. and Mehler, J., 2009. Cognitive gains in 7-month-old bilingual infants. PNAS, 106(16), pp.6556-6560.